Os belos e inspiradores romances de Jane Austen
Em janeiro de 2005, quando, aos 15 anos de idade, travei, por meio da leitura de Orgulho e Preconceito, meu contato inicial com a obra de Jane Austen (16 de dezembro de 1775 – 18 de julho de 1817), sequer vislumbrava a possibilidade de que a indefectível conjuntura discursiva, o refinado estilo irônico, o imarcescível senso de humor, a arguta observação social, a acurada penetração psicológica, as engenhosas tramas amorosas e os inesquecíveis tipos humanos, inerentes às narrativas da referida autora, por seus escritos incutir-me-iam um inoxidável interesse e um imensurável amor. A bem da verdade, ao debruçar-me sobre os episódios inaugurais do principal título da mais ilustre escritora com que a Inglaterra já presenteou a literatura universal, eu, que, em razão da pouca idade, apesar de ser uma leitora voraz, aventurara-me, até então, por escassos clássicos, estranhei a linguagem razoavelmente formal e ignorei a criação sutilmente perspicaz que se descortinavam diante de mim, declarando entediante e, por isso, insípido o romance cuja ação, em decorrência da sugestão de minha mãe, que, cerca de um ano antes, não havia senão devorado em meros três dias, eu decidira explorar.
Não ultrapassou, todavia, o terceiro capítulo meu solene
desprezo pela obra-prima austeniana, a qual, graças às colossais e imbatíveis
qualidades supracitadas, deleitou-me profundamente a ponto de infundir-me o
desejo de conhecer, pelo menos, um segundo escrito da eminente autora do
condado inglês de Hampshire, anseio que se concretizaria meses mais tarde,
mediante o acompanhamento do delicado cotidiano das irmãs Dashwood, de Razão
e Sensibilidade. Com efeito, este, diferente de Orgulho e Preconceito, de
imediato, enterneceu meu coração e enlevou minha alma de tal forma que me vi
encorajada a desbravar os demais romances de Austen – a saber, de acordo com a
sequência a que me devotei, Emma, Persuasão, Mansfield Park e
A Abadia de Northanger –, que, com minucioso cuidado e com analítica
atenção, li nos quatro anos que se seguiram, transformando-me, por
consequência, numa grande admiradora daquela que também é chamada “amável
Jane”. Não se pode, pois, refutar a divertida noção de que, como Elizabeth
Bennet, a heroína da mais reverenciada trama da escritora em pauta, no que
concerne ao caráter e à conduta do sr. Darcy, equivoquei-me, guiada por preconceituoso
julgamento e por presunçosa postura, no que tange às lições e aos fundamentos
intrínsecos à produção literária austeniana, que, assim que verdadeiramente
assimilei, permitiram não só minha redenção, mas também meu renascimento, na
acepção de uma incansável, inabalável e irremediável... Janeite.
Feliz aniversário, Jane!
– Karen Monteiro
Comentários
Postar um comentário