O que poderia ser diferente em A Gata Comeu

Embora considere minha novela predileta, A Gata Comeu (1985), um trabalho primoroso, eu certamente alteraria em sua trama ou acrescentar-lhe-ia alguns detalhes significativos, que, a fim de esclarecer de forma devida, compilo e explico a seguir.

1- Em razão da falta de coerência no comportamento do protagonista masculino, excluiria, do roteiro, a cena do capítulo 111 em que, após inteirar-se do desentendimento entre Fábio e Jô provocado pelo incidente da carta forjada por Gláucia, Paula tenta reconciliar-se com o professor, que, em vez de prontamente repeli-la, visto que já se achava, à época, apaixonado pela "gata", parece um tanto quanto “mexido” pelas investidas da ex-noiva, que até lhe provocam um calor ridículo;

Fábio e sua reação exacerbada diante de Paula, por quem, de acordo com os eventos apresentados, até então, no folhetim de Ivani Ribeiro, ele já não sentia amor algum...

2- Incluiria na trama a lendária cena externa do casamento de Jô e Fábio, que, por algum motivo obscuro, a produção da novela omitiu do capítulo 125; 

É provável que a cena gravada em ambiente externo fosse exibida logo após a desta captura de tela, que mostra os noivos e os convidados do casamento retirando-se da igreja após o término da cerimônia

3- Com o intuito de sintetizar, de forma poética e, ao mesmo tempo, pragmática, a força do amor do casal principal, conceberia, para sua lua de mel, um momento especial, em que os dois rememorassem, numa conversa franca e sensível, porém desprovida de quaisquer melodramas ou lugares-comuns, alguns dos mais emblemáticos momentos de seu relacionamento, desde o período da primeira excursão à ilha até a época de seu namoro, de maneira que, aos telespectadores, ficasse claro que, independente dos problemas que surgissem no futuro, Jô e Fábio seriam capazes de superar, devido à grandeza de seu sentimento, quaisquer obstáculos;

Um momento terno da lua de mel do casal principal da novela

4- Se (veja bem, se) Ivani Ribeiro não tivesse estruturado uma história de amor coerente e verossímil para Babi e Zé Mário, este poderia ter formado par romântico com Ivete, pois, apesar de ser evidente o desenvolvimento, ao longo do tempo, de um vínculo de amizade despretensioso envolvendo a professorinha e Vitório, não se criou, em minha opinião, uma sintonia ou "química" significativa entre os atores, o que comprometeu sua imagem de casal. Por outro lado, no caso de Ivete e Zé Mário, que, após se conhecerem, não demoraram a tornar-se bons amigos, auxiliando-se e reconfortando-se em meio a seus problemas, houve, a meu ver, uma correspondência maior entre suas personalidades, coisa que, com o tempo, poderia tê-los unido numa afeição profunda um pelo outro;

Zé Mário e Ivete num momento de descontração durante a festa dedicada por Jô a Rafael

5- Adicionaria, ao último capítulo de A Gata Comeu, a cena excluída da inauguração da sede do Clube dos Curumins, visto que, segundo dados de uma edição de outubro de 1985 da extinta revista Amiga, Jô, como se a amnésia a tivesse novamente acometido, brincaria, durante o evento mencionado, com seu marido, indagando-lhe quem seria ele, o que assustaria não apenas Fábio, mas também Cuca e Adriana, levando a "gata" a virar-se, toda matreira, para o professor, a fim de chamá-lo de "bobão".

No capítulo 160, as crianças aparecem reunindo-se na sede do clubinho, sem, contudo, haver a cena da inauguração do local



Essas são minhas ideias acerca do que poderia ser modificado em A Gata Comeu

E você, o que alteraria nessa icônica obra de Ivani Ribeiro? 

Comentários

  1. Excelente! Concordo com suas ideias. Acrescentaria apenas um outro final para o Sr. Martinho. Não existia nenhum 'casamento' de fato, entre ele e D.Ofélia. Ele merecia um relacionamento verdadeiro.

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    1. É "Martim", Franci! rs

      Concordo com você - entre ele e Ofélia, o que existia era um mero acordo matrimonial, e não uma verdadeira relação conjugal.

      Um abraço! :)

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