Resenha - A terra dos meninos pelados, de Graciliano Ramos

Tatipirun, o País das Maravilhas nacional Raimundo é um menino extremamente solitário. Embora, em seu nome, caiba o mundo, não há, em seu cotidiano, espaço algum para a amizade. Suas peculiares características físicas, representadas pela calvície e pelos olhos coloridos – o direito, preto, e o esquerdo, azul – fazem-no, na cidade onde vive, estranho às demais crianças, que por ele nutrem total repulsa, a ponto de esconderem-se do pequeno e de apelidarem-no, de forma maldosa, de “Pelado”. Apesar de não só aceitar a infame alcunha, como também de adotá-la, autointitulando-se “Raimundo Pelado”, o aparente comodismo rotineiro do garoto somente camufla o profundo sentimento de rejeição que, dia a dia, cresce em seu íntimo. A fuga para outra terra, instituída segundo paradigmas totalmente diversos daqueles predominantes em sua localidade natal, torna-se, afinal, o sol no horizonte vislumbrado pelo sofrido menino. Assim que se lhe descortina o mundo mágico de Tatipirun...